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COR

Bem vindes ao sétimo post!

O tópico do dia segue na linha da mise-en-scène, trabalhando com sensações dentro da narrativa

Assim como a iluminação, as cores são capazes de propor e amplificar emoções, bem como definir significâncias espaço-temporais. Elas são caracterizadas por determinados comprimentos de onda, e podem ser absorvidas ou refletidas de corpos iluminados.

A combinação das cores causa nos espectadores diversos estados de espírito, podendo configurar mensagens e transmitir sentimentos. Entretanto, é importante compreendermos que muitos significados atrelados a elas são convenções culturais, ou seja, uma mesma cor pode ser interpretada de maneiras muito diferentes dependendo da cultura de cada espectador. O preto, por exemplo, é lido pelo ocidente como luto/morte; para outras culturas (orientais, de modo geral), todavia, estar na sombra/no escuro significa estar sobre a proteção divina. Sendo assim, não abordaremos a significância de uma determinada cor, mas possíveis relações de uso estético-sensorial no vídeo, de acordo com a composição cênica.

Em relação à sensorialidade humana, a cor pode se comportar como quente ou fria — e, como comentado na postagem anterior, isso independe da fonte de luz que a gera ser uma lâmpada quente ou fria (pode-se ter uma luz fria gerando uma cor quente). Assim, cores cuja onda tem maior frequência, mais vibrações, causam uma sensação de calor e nos remetem a sentimentos excitantes; normalmente são associadas a elementos da natureza que nos lembram disso (fogo, brasa, sol,...). As de menor frequência, por sua vez, transmitem a sensação de frio, geralmente associadas a calma e leveza — são frequentemente usadas em filmes de ficção-científica e em ambientes mais assépticos. 

De modo geral, podem ser classificadas em:

  • Cores primárias: dão origem a outras tantas e não podem ser decompostas. São elas: cores-luz (vermelho, verde e azul) e cores-pigmento (ciano, magenta e amarelo). 

  • Cores secundárias: formadas pela combinação das cores primárias. 

  • Cores neutras: são cores que não influenciam nenhuma sensação. São elas: preto, branco e derivadas. 

  • Cores pastéis: qualquer cor misturada com branco.

Assim como com as luzes, pode-se trabalhar o contraste entre cores, impulsionando a maior percepção ou o destaque de uma ou outra cor, assim como dá ênfase a objetos.* Mesmo trabalhando em uma escala de cinza, é importante pensar no contraste entre os tons.**

* Como exemplo, pode-se citar o vídeo Motion Control (referenciado no primeiro post), no qual a bailarina, com um vestido vermelho vivo, está em frente a um cenário todo branco — que reflete a intensa luz fria. Não há nenhum elemento cênico além do branco do cenário e a bailarina, entretanto só a relação entre as cores, enfatizada pelo contraste, serve para dar significado à narrativa da coreografia em cena. Como comenta TISKI-FRANCKOWIAK, (apud CAPELATTO, MESQUITA, 2014, p. 79): “quando [uma cor] entra em combinações com outras cores, cada uma recebe dessa combinação determinadas funções espaciais, favorecendo a lógica das formas”.

** Como se pode perceber em Roseland (referenciado no primeiro post)

[imagem a seguir. fonte: Motion Control (AGGISS, COWIE e ANDERSON, 2000)]

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Dia 7: Imagem
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Dia 7: Imagem

[imagem acima. fonte: Roseland (VANDEKEYBUS, 1990)]

O contraste entre cores (escuras/claras ou quentes/frias) também pode suavizar a percepção visual de uma cena, equilibrando a composição do cenário quando uma está em grande quantidade. Pelo contraste, é possível, ainda explicitar relações espaço-temporais, por exemplo: ao colocar em sequência uma cena cuja paleta de cores é maioritariamente quente seguida de uma outra, cujas cores são principalmente frias, cria-se um efeito narrativo de mudança de estado. A partir das cores, pode-se explicitar o passar do tempo em uma cena, simulando o pôr do sol, ou a substituição de uma luz amarelada por uma azulada, indicando o cair da noite. Outros efeitos relacionados à ambientação da cena podem ser conseguidos no momento da edição, ao se trabalhar com a saturação (proporção da quantidade de cor em relação à cor cinza média) das cores. Quanto maior a saturação, mais vivas/brilhantes as cores, e quanto menor, mais próximas de uma paleta acinzentada.

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EXERCÍCIO

Proposta

Na mesma vibe da proposta anterior, o objetivo aqui é descobrir possibilidades a partir de tentativas e análises de resultado — basicamente, um laboratório

  1. Para explorar novas formas, sensações e efeitos com a cor, o primeiro passo é a observação dos espaços e objetos da casa, buscando identificar os padrões cromáticos presentes. Quais as cores das paredes? E dos objetos em frente a elas (se é que há objetos nas paredes)? Junto aos padrões de coloração, é interessante observar as formas dos objetos ─ podendo buscar, assim, ligações de significado entre cores e formas.

  2. É importante perceber que papel se quer das as cores em cada momento: elas servirão como cenário? Ou o foco será as cores dos objetos/figurinos? Ou ambos? Serão pensadas as texturas junto?

  3. Uma vez calculadas mentalmente a aplicação das cores, é hora dos testes práticos

A sugestão aqui é: escolha uma playlist que emocione sue bailarine interior, faça uma combinação de roupas pensada a partir das cores e grave um improviso coreográfico em um lugar da casa. Depois disso, refaça a gravação com roupas completamente diferentes, e, a partir dessas experiências, pense o que casa melhor com a sensação que se quer passar. Vale dar uma conferida em bibliografias sobre os significados e interpretações das cores.

  1. Depois disso, é interessante fazer laboratórios de tratamento de imagens com um programa de edição: aumentar/diminuir contrastes, a saturação, etc. Alguns programas de edição de vídeo já contam com algumas opções bem interessantes, como o KineMaster e PowerDirector, para usuários de android, ou o iMovie, para usuários de iOS.

Segue nosso vídeo:

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Dia 7: Vídeo

DICA: Na falta de fontes de luz colorida, pode-se trabalhar com gelatinas, que são, basicamente, filtros coloridos pelos quais a luz passa, tornando-se colorida. Para o uso laboratorial em casa, podem ser feitos de maneira caseira com papel celofane. No link abaixo, há um tutorial simples ensinando a produzi-las em casa ;)

https://www.youtube.com/watch?v=emlAXHU1xfI 

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BIBLIOGRAFIA

Para esse post, foram utilizadas as seguintes referências:

Vale conferir:

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