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MOVIMENTOS DE CÂMERA

Bem vindes ao décimo post!

Hoje, encerramos a parte objetiva no âmbito de modos de coreografar com câmeras! Até aqui, foram comentados possibilidades de efeitos e sentidos a partir do enquadramento… Entretanto, não é só de posicionamento que vive uma câmera! 


Como comentado anteriormente (falando de subjetividade do ponto de vista), os movimentos realizados pela câmera também podem ser úteis para criar significações visuais. Assim, estão à disposição algumas possibilidades… 

  • travellings: são deslocamentos realizados pela câmera sobre trilhos ou pelo filmmaker (andando ou correndo — vai da demanda do momento) [→ é como se o corpo inteiro se deslocasse];*

* Os travellings são muito utilizados quando se busca o efeito da câmera subjetiva, pelo qual o espectador se torna um personagem presente no vídeo — se deslocando como tal. 

  • panorâmicas: são alterações na angulação da câmera, ou seja, ela não se desloca, mas muda seu foco horizontal ou verticalmente [→ é como se só a cabeça se movesse para olhar direções opostas]; **

** Há quem chame de panorâmica apenas os movimentos horizontais, e os verticais seriam chamados de “tilt”.

  • zoom: não são movimentos de câmera, mas de objetiva. Com o zoom, a visão se aproxima (zoom-in) ou se afasta (zoom-out) do objeto sem sair do lugar (essa é a diferença dos travellings, na qual há deslocamento da câmera em relação ao objeto), [→ na prática, funciona como um binóculo].

Esses movimentos podem ser combinados entre si e também com movimentos de quadro, que são os deslocamentos realizados pelas personagens em cena, podendo entrar em quadro ou sair de quadro — tanto pela direita quanto pela esquerda. Além disso, podem se aproximar ou se afastar da câmera, dando a ilusão de mudar seu tamanho. Assim, pode-se conseguir alterações interessantes de enquadramento e efeitos diversos. 

Ainda falando em movimento, é possível explorar efeitos no nível da montagem sequencial dos planos (edição). Por exemplo, uma ferramenta comum é o uso do “plano e contra-plano”, na qual durante um diálogo entre duas personagens são intercalados planos mostrando a visão de cada uma. Mais especificamente, o enquadramento realizado pega as costas de uma personagem (normalmente seu ombro) enquanto foca no rosto da outra personagem (enquanto elas estão dispostas frente a frente) — a câmera está posicionada sobre os ombros do filmmaker. Alternando plano e contra-plano, é estabelecida uma relação de distanciamento com o espectador, que não faz parte do diálogo.* 

* É interessante perceber que se o mesmíssimo enquadramento for aplicado numa cena com apenas uma personagem, o efeito conseguido é praticamente o contrário: uma vez que seja apresentado o ponto de  vista da personagem — focando precisamente no que ela está observando — é estabelecida uma relação de intimidade com o observador. Nesse caso, é interessante utilizar a luz para direcionar ainda mais o olhar ao objeto em questão, que estará em segundo plano (já que no primeiro está a personagem, de costas).

Dia 10: Texto

A Cena:

IMG_20201027_194403-01.jpeg
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Plano:

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Dia 10: Imagem

Contra-Plano:

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Dia 10: Imagem

EXERCÍCIO

Proposta

A proposta de hoje busca explorar significados e efeitos visuais a partir das movimentações de câmera e das personagens em cena.

  1. O primeiro passo é definir o que será filmado: uma ação, uma personagem, uma dança, qualquer coisa vale pra fins de exploração. 

  2. A partir disso, busque, com a câmera, acompanhar a ação de diferentes pontos, criando relações de sentido com ela. 

  3. Depois de coletar as imagens, assista a cada vídeo sequencialmente, buscando identificar como cada um altera os sentidos do vídeo.

  4. Também é interessante explorar possibilidades na edição, fazendo cortes nos vídeos e alternando as cenas de cada um.


O processo sugerido é realmente um laboratório analítico: coleta e análise de dados, refletindo sobre o modo com que os efeitos conseguidos seguiram as expectativas criadas e, se não, por quê?

Dia 10: Texto
Dia 10: Vídeo

BIBLIOGRAFIA

Para esse post, foram consultadas as seguintes bibliografias:


Vale a pena ver também:

  • Então, pra quem gosta de cinema, vale conferir a completude da obra A arte do Cinema: uma introdução, de David BORDWELL e Kristin THOMPSON, 2014. Nessa onda, também é interessante o livro Sobre a História do Estilo Cinematográfico (2013), também do David BORDWELL.

  • Pra quem tem curiosidade, mas quer algo mais superficial, mais direto (porque os livros do Bordwell tem umas 700 páginas — são realmente obras bem completas), vale conferir os blogs citados anteriormente:

  • O Segundas Impressões, têm uma resenha sobre cinema bem completa, além de ter várias outras análises sobre o mundo do audiovisual. Disponível em: https://assegundasimpressoes.wordpress.com/exemplo/cinema/

  • Meu Primeiro Filme já é mais prático, e complementa bastante tudo o que foi dito aqui.  Disponível em: http://www.primeirofilme.com.br/site/o-livro/introducao/ 

Dia 10: Texto
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